quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Resistência Moral perante as adversidades -Grecia e Brasil

 “Sem resistência moral, no turbilhão de conflitos purificadores, o coração mais nobre se despedaça. ” Emmanuel FV 90

Assuntos relacionados a crise financeira em diversos países do Continente Europeu, são apresentados diariamente pela mídia. O que não se fala muito, é o reflexo dessa crise ao longo do tempo, na cultura, nos valores, na sociedade e na vida do cidadão. Em diversas partes do Mundo, existem pessoas desempregadas, sem moradia, sem saúde, com fome, sentindo na pele o abandono, a indiferença e vivendo muitas vezes na rua, totalmente isolados da maioria. (assunto que os brasileiros conhecem muito bem !)

No mundo de hoje, quem enfrenta uma crise econômica de grandes proporções, recebe ajuda de Instituições não Governamentais, de outros Países,de serviços religiosos, que oferecem alimentos, roupas, abrigo,amparo as crianças abandonadas, amenizando o efeito causado por um problema bem maior, que acaba ficando sem solução. O auxílio é importante,mas tem efeito paliativo,pois o sentimento de incompreensão,revolta e dor permanecem.. 
A causa disso é que a grande maioria da população desconhece as Leis Soberanas que regem o Universo e teriam mais força e coragem para suportar os momentos difíceis, seja no campo material ou moral, se estivessem conectadas as Leis Divinas.
Será que os Países acostumados ao conforto material, referência em diversas partes do mundo no campo da cultura, educação, arte, entretenimento, tecnologia, teriam condições de "reeducar" o seu cidadão nesses momentos aflitivos da crise, para que prevaleçam valores mais soberanos do que o dinheiro, o poder ou a posição social? Para que aceitem a situação provisória que estão passando, e continuem no esforço conjunto para encontrar novos caminhos?

Hoje na Grécia,muitos pais estão abandonando seus filhos por falta de condições de criá-los, de dar-lhes segurança e alimento.Não podemos julgar um ato de insanidade segundo as noticias recentes : “Casos como estes estão chocando um país em que os laços de família são muito valorizados. O fracasso em cuidar dos filhos é visto como algo inaceitável socialmente: para os gregos, parecem histórias saídas do Terceiro Mundo, e não se sua própria capital, Atenas”,  deve-se levar em conta muitos outros fatores.

No mundo globalizado a tecnologia elimina fronteiras e aproxima corações. Notícias chegam "on line", anunciando catástrofes, destruição e o sofrimento alheio, provocando uma reação por parte daqueles que já desenvolveram o senso moral e exercem a legítima fraternidade entre os povos. Quem tem mais condição, socorre outros que passam por dificuldades, mas nem sempre é assim, em alguns casos, prevalece a ambição, o jogo de poder e o interesse político. Os necessitados ficam sem receber as doações, que se perdem pelo caminho (vimos isso acontecer nos países assolados pela fome e miséria na África, no terremoto do Haiti e no Tsunami da Indonésia).

O ser humano ainda não está preparado emocionalmente para o momento de dor, principalmente quando o materialismo é o centro das suas atenções. Quando o homem não compreende a realidade espiritual, permanece distante da essência Divina, alimentando as paixões, a ilusão e os sentimentos nocivos do orgulho e do egoísmo.  

E nós? Estamos preparados para viver no limite e mesmo assim,  não nos entregarmos a depressão, não abandonarmos entes queridos, não apelarmos para os vícios e paixões que oferecem alívio emocional momentâneo, mas que levam a auto-destruição e até ao suicídio e a loucura? 

Não basta ter conhecimento é preciso exercê-lo, buscando a espiritualidade para aprender a viver bem mesmo diante das adversidades, ter sem possuir, desapegar-se das coisas e das pessoas. Para conseguirmos isso, precisamos dar o primeiro passo, conhecer a mensagem contida no Evangelho de Jesus e exemplificar em nossas vidas. "A maior caridade com a Doutrina espírita é a sua propagação", já dizia o espírito de Emmanuel. Através do conhecimento dos princípios espíritas, sem a intenção de criar prosélitos, libertamos
consciências e praticamos a caridade de uns para com os outros.

Qual a nossa contribuição para esse Mundo melhor? Ele será renovado com “atitudes” e não com “sonhos”, pois as pequenas atitudes geram grandes mudanças e os novos hábitos,formará uma nova Civilização do futuro. E na certeza de que não estamos sozinhos nessa caminhada, suportemos nossas dores com resignação, fé e coragem, elas purificam o espírito, mas lutemos para sermos melhores. Se o passado bate à porta, lembre-se  que o futuro nos oferta a renovação, um novo porvir... basta o nosso esforço, dedicação e uma consciência renovada na Lei Universal do Amor.

Muitos espíritos que passaram na Terra vivenciaram as Leis Divinas, exemplificaram o Amor,deixaram um rastro de Luz, mensagens de renovação e esperança para uma Terra Renovada que aguarda toda a Humanidade, afinal, seremos os grandes herdeiros desse lindo Planeta Azul.

Segue a reportagem:
 
"Certa manhã, algumas semanas antes do Natal, uma professora pré-primária em Atenas encontrou um bilhete que dizia respeito a uma de suas alunas de quatro anos de idade.

"Não voltarei para buscar Anna hoje porque não tenho dinheiro para cuidar dela", dizia o bilhete. "Por favor, tome conta dela. Desculpe. Sua mãe."

Nos dois últimos meses, o padre Antonios, um jovem sacerdote ortodoxo que dirige um centro de juventude para a população carente, encontrou quatro crianças em sua porta - entre elas, um bebê com menos de um mês de idade.

Outra organização não governamental teve de atender um casal cujos bebês gêmeos estavam hospitalizados, sendo tratados por desnutrição. Isso porque a mãe, também desnutrida, não conseguia amamentá-los.

Casos como estes estão chocando um país em que laços familiares são bastante valorizados. O fracasso em cuidar de seus filhos é visto como algo inaceitável socialmente: para os gregos, parecem histórias saídas do Terceiro Mundo, e não se sua própria capital, Atenas. 

Desempregada, sem-teto e desesperada
Uma das crianças cuidadas pelo padre Antonios é Natasha, uma esperta menina de dois anos levada ao centro por sua mãe, algumas semanas atrás.

A mãe se disse desempregada, sem-teto e desesperada por ajuda. Mas, antes mesmo que a equipe do centro pudesse oferecer-lhe algo, a mulher desapareceu, deixando sua filha ali.

"No último ano, recebemos centenas de casos de pais que querem deixar seus filhos conosco, por nos conhecerem e confiarem em nós", diz o padre Antonios. "Eles dizem que não têm dinheiro, abrigo ou comida para suas crianças e esperam que nós possamos prover-lhes isso."

Pedidos desse tipo não eram incomuns antes da crise econômica grega. Mas Antonios diz que, até agora, nunca havia se deparado com crianças que haviam sido simplesmente abandonadas.

Maria é uma das mães solteiras pobres a deixar sua filha sob o cuidado de terceiros. "Choro em casa sozinha todas as noites, mas o que posso fazer? Dói meu coração, mas não tive escolha", justifica.

Ela passava seus dias e parte das noites procurando trabalho, tendo que deixar sua filha Anastasia, de oito anos, sozinha em casa durante horas. As duas dependiam da comida doada por uma igreja. Maria diz que perdeu 25 kg.

Até que decidiu deixar Anastasia em uma ONG chamada SOS Children's Villages. "Eu posso sofrer, mas por que ela (Anastasia) teria que sofrer também?", diz Maria.Maria agora trabalha em um café, mas ganha apenas 20 euros por dia. Visita Anastasia mais ou menos uma vez por mês e espera retomar a guarda da filha quando sua situação econômica melhorar - mas não sabe quando isso vai acontecer.

Longe dos pais

O diretor de assistência social da SOS Children's Villages, Stergios Sifnyos, diz que a ONG não está acostumada a receber crianças de famílias afetadas pela crise, nem quer fazê-lo.

"Maria e Anastasia são muito próximas. Não há razão para ficarem separadas", afirma ele. "Mas é difícil para ela receber sua filha de volta sem ter certeza se vai continuar tendo um emprego no dia seguinte."

No passado, a SOS Children's Village costumava cuidar de crianças afastadas de seus pais quando estes tinham problemas com álcool e drogas. Agora, o principal fator é a pobreza.

Outra ONG, The Smile of a Child, atendia no passado principalmente casos envolvendo abusos e negligência de menores. Hoje também está tendo que atender crianças prejudicadas por carências econômicas.

O psicólogo-chefe da ONG, Stefanos Alevizos, diz que, quando uma criança é deixada por seus pais nessa situação, suas fundações psicológicas ficam profundamente abaladas.

"Elas experimentam (os sentimentos de) separação como um ato de violência, porque não conseguem entender as razões disso", explica.

Mas, para Sofia Kouhi, da mesma ONG, a maior tragédia da atual situação grega é que os pais que deixam seus filhos sob os cuidados de terceiros costumam ser os que mais amam essas crianças.

"É muito triste ver a dor em seu coração por deixar seus filhos, mas eles sabem que é melhor assim, pelo menos neste momento", opina.

O padre Antonios discorda. Ele acredita que, por mais pobres que sejam seus pais, as crianças sempre estão em melhor situação se estiverem com suas famílias.

"Estas famílias serão julgadas por abandonarem seus filhos", afirma. "Podemos prover comida e abrigo, mas a maior necessidade de uma criança é sentir o amor de seus pais."
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Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,crise-faz-pais-abandonarem-filhos-na-grecia,821326,0.htm

Um comentário:

Cláudio disse...

Qualquer crise, em qualquer ponto mundo nos afeta porque somos uma Família Universal. Nossa ação, por aqui, é a nossa prece ao Grande Pai dessa família toda que, a despeito de usar dos 'traumatismos curativos' está atento e zeloso a tudo isso... Como diria Chico: 'Isso também vai passar'. Um abraço fraterno do Cláudio. www.blogdovelhinho.com.br